domingo, 6 de setembro de 2009

O presente que fez pensar...



Que sentirias tu se recebesses inesperadamente em tua casa uma linda cestinha de figos como esta que eu recebi?
Ficarias feliz, naturalmente!
Pois foi o que me aconteceu, sente-se um calorzinho no coração quando se constata que alguém pensou em nós, não é?
O casal Moura, pensou em mim e na minha família e seleccionou os melhores frutos da sua figueira para nos mandarem de uma forma tão agradável que nos agradou e sensibilizou sobremaneira.
Também temos uma figueira , mas os figos não são daquela qualidade e calibre e estavam muito atrasados quando recebemos o presente que tanto nos agradou e que agradecemos.
Estava aqui a pensar, a respeito da palavra presente, num episódio que me aconteceu no mês de Setembro há 55 anos passados.
Preparava-me para entrar na escola primária, como então se chamava, no dia 1 de Outubro e assim iniciar o meu percurso académico, à altura não havia infantários, nem prés, nem nada dessas vantagens actuais a que as pessoas de tão corriqueiras já nem lhes dão o devido valor.
A minha mãe já me havia preparado a minha mala de cartão, não a da cantora, com o livro, um caderno de folhas de duas linhas, uma pedra com a sua esponja, como apagador, e o respectivo lápis e já me tinha feito a bata branquinha, pois à altura era assim, a bata nivelava e tapava as misérias ou necessidades, comprara-me também uma caixinha redondinha em alumínio para eu levar um lanchinho para os intervalos, pois viria almoçar a casa. Muito previdente, a minha mãe, lembrando-se que " a luz que vai à frente é que ilumina", resolveu matricular-me o mês de Setembro na "escola paga" como então se dizia, para eu já ir um pouco preparada para a escolar e não ter problemas de adaptação.
Lá vai a Clarinha, toda contente, com o seu avental com muitos folhos, um grande laço na cabeça e a sua mala recheada de tesouros para a escola da Professora Rita, chegando lá encontra muitos alunos sentados em pequenos banquinhos à volta de uma sala e a professora, muito profissional, a chamar os nomes que tinha registado na sua lista. João,-presente, responde a criança! Maria, -Presente, Ilda,-presente, presente, presente, presente, vão respondendo as crianças à chamada!
Eis se não quando, grande berreiro na sala, todos espantados sem saber o que se passava, era a Clarinha que chorava aflita por não ter levado um presente para a professora, pois só conhecia a palavra no sentido de oferecer algo a alguém quando a mãe lhe dizia:
-Vai levar este presente à vizinha ou à tia, quando havia carne fruta ou algo mais para partilhar.
Vejam só como uma cesta de figos teve o condão de me fazer voltar ao sotão da minha infância!
Obrigada amiga Claudina e marido!