sábado, 15 de fevereiro de 2014

O restauro da jarra verde


Era uma vez, uma bonita jarra verde muito antiga, mas bastante estragada. Já alindara bonitas salas, de várias gerações  e passara por mãos carinhosas de cuidadosas donas de casa. Contudo, parece que o seu fim estava à vista, a pintura, feita à mão, apresentava-se muito apagada e desmaiada, o seu rebordo, requintadamente trabalhado, mostrava sinais de muito uso e a sua  base partida  não lhe permitia que se  aguentasse de pé, o que a  deixava  triste e acabrunhada  prevendo  um triste fim que não se adequava ao  seu estatuto.
Foi aí que dei por ela prestes a ser rejeitada como jarra e talvez destinada a ser reciclada e transformada num objecto qualquer que ela , uma jarra daquela classe social, dificilmente previra.
 Foi então que percebi a "tragédia" prestes a acontecer e  apercebendo-me da importância do seu passado e da nobreza do seu material, lancei mão da dita, pensando em recuperá-la.
Do pensamento à acção foi um ápice. Pincéis, tintas, recuperadores, colas e um pouco de  galão dourado e aí está ela toda airosa com o seu amor próprio em alta !   
Ao olhar para a minha obra pensei numa frase que já ouvi muitas vezes:
- " Até prova em contrário todas as coisas  são possíveis" e muitas vezes, acrescento eu,  o que parece impossível não o é,  se para isso contribuirmos com  determinação, vontade, firmeza ,  gosto, sensibilidade e inteligência.