sexta-feira, 22 de maio de 2015

Abraços...

Abre os braços e abraça,
Aperta bem apertado,
Faz esquecer a desgraça
Que persegue o abraçado...
Abre os braços e abraça
Suavemente, devagarinho,
De modo que feliz faça
O solitário velhinho... 
Abre os braços e abraça
Com sentimento, de verdade,
Sem olhar a cor ou raça
Num lindo hino à igualdade...
Abre os braços e abraça
Num jeito muito suave,
Os que caíram na desgraça
E que sofrem de verdade...
Olha à volta e abraça o mundo,
Abraça seus sofredores  povos,
E o sofrimento  profundo
Que atinge velhos e novos...
Abre os  braços e abraça
Abre o coração e ama muito,
Para que do amor a paz se faça
E sua semente dê fruto...
Porque neste mundo de fracassos,
Ódios, guerras e rancores,
São valiosos os abraços
E curam males e dores!!!

Clara Faria da Rosa,
No dia do Abraço


Bendita caminha!

À noite, de tão cansada, só me apetece cair na cama e adormecer. É isso, além de andar  cansada sou muito dorminhoca, facto de que não costumo fazer segredo . É verdade, gosto de dormir e habitualmente, acordo retemperada das fadigas do dia anterior e com energia para enfrentar novas tarefas e ultrapassar novos obstáculos.
Deitei-me tarde, passava da meia-noite, e  bastante cansada, tenho andado a fazer limpezas profundas em casa, afastar móveis, limpar tectos, janelas e paredes, veio cá a  casa um pintor, o que causa sempre um certo reboliço, embora no fim fique tudo fresco e agradável. Enfim, cansadinha, mas deitada confortavelmente, com o peso distribuído por uma maior superfície e com o gosto de um bom livro na mão, dei por mim a pensar na importância de uma cama e a interrogar-me sobre a bendita alma que teve a feliz ideia de fazer a primeira cama .
Decidi então, ao levantar-me,  fazer uma breve pesquisa sobre tão importante assunto e fiquei a saber que  Decartes passava diariamente 16 horas na cama, porque era o lugar onde pensava melhor, que Goethe, por sua vez, ditava os seus poemas deitado e que até Matisse, por vezes, pintava deitado, com os pincéis amarrados a bastões para alcançar as telas.
Embora o sono ocupe cerca de um terço da nossa vida, as camas não servem apenas para dormir, como se vê pelos exemplos anteriores, mas deitar-se simplesmente para descansar, é uma das melhores coisas que se pode fazer.
Contudo, os nossos antepassados primitivos, não se podiam dar as esse luxos, porque andavam de um lado para o outro à procura de  caça e de outros produtos para se alimentarem, encolhiam-se para dormir, sobre folhas secas ou peles de animais, em posição fetal, para conservarem o calor e para ficarem menos vulneráveis aos ataques dos animais.
Na idade média, mesmo as famílias ricas possuíam apenas uma cama larga onde se deitava a família inteira e até os animais que lhes serviam de aquecedor.
As camas da realeza tinham balaustradas ou biombos que as transformavam em pequenas fortalezas,e os reis recebiam os amigos e os ministros na cama, pois no período renascentista a posição deitada era uma posição de prestígio!
E muito mais haveria a dizer, sobre estas tão úteis peças do mobiliário onde se nasce, morre, ama ,descansa,  pensa e dorme, contudo, as minhas forças e a minha inspiração a mais não mo permitem, ficando só a possibilidade de aqui  registar um louvor às nossas e em especial à minha, benditas caminhas, pelo que atrás ficou dito...

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Eu tenho fé...

Fé é acreditarmos nas coisas quando o bom - senso nos diz o contrário e eu utilizando a minha capacidade e a liberdade que possuo de pensar livremente, acredito e tenho fé  que se todos nós cumprirmos o nosso dever que é afinal o direito palpável e mais certo que todos nós temos, em vez  de só pormos em prática a nossa capacidade de expressão verbal, arrostando a vida, as coisas as adversidades, as faltas e lacunas de frente, conseguiremos progredir  e encontraremos o futuro, a realização pessoal e a felicidade.

Tenho fé no meu país, na sua história e nos exemplos que os nossos ancestrais nos deixaram.
Tenho fé que esta crise económica, financeira, social e política que este país situado à beira mar atravessa, seja ultrapassada para bem de nós todos e em especial dos nossos filhos.
Tenho fé nos homens deste país e acredito que aparecerá alguém  com carisma suficiente que ajudará a virar esta página negra que tão relutantemente estamos a ler com imensa dificuldade em compreedê-la e em interpretá-la.
Tenho fé que tempos melhores virão, em  que a esperança não será uma utopia,  em que os sorrisos brotarão livremente de rostos gastos e cansados e em que ao estendermos a mão poderemos encontrar a macieza das borboletas!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

As Lajes, onde nasci...

A procissão da Lajes

Nas Lajes eu nasci,
Nas Lajes me fiz mulher,
Nas lajes alegre vivi,
Até meu caminho escolher.

Sou lajense, com orgulho,
Nas Lajes encontro raízes,
Se na saudade mergulho,
Lembro tempos bem felizes!

Lembro carinho e amizade,
Abnegação e tolerância
E com abertura e verdade
Sinto o tempo sem distância.

Lembro o sino a repicar,
Na torre alta de igreja,
A novos e velhos chamar,
Assim o céu me proteja!

Lembro a linda procissão
E os homens com lanternas
E à frente o grande pendão,
Ai que saudades, eternas...


E dos Andores enfeitados,
Muito bonitos, um primor!
Pelos homens transportados,
com respeito e muito amor.

E do arcanjo S. Miguel
Levando sua balança,
E de S.Gabriel e Rafael
Que me  transmitiam esperança.

Da Senhora do Rosário 
Com seu menino nos braços,
E depois lá vinha o pálio
E nós todos de joelhos!

Nas alas mulheres lindas...
Vestidas muito a rigor,
E um grupo de meninas 
Logo a seguir ao andor.

Stª Teresinha sorria
E nas mãos flores levava
Muito alegre parecia
E a todos abençoava.


Ai que saudades eu tenho,
Ai não escondo nem minto,
Faltam-me jeito e engenho
P´ra transmitir o que sinto!

terça-feira, 19 de maio de 2015

Uma grande viagem...Ler e escrever!



Ler e escrever é como quem anda ou faz uma viagem, quanto mais lemos ou escrevemos mais nos apetece a fazê -lo. Eu, confesso, sou dependente! É que tenho ido a muito lugar, tenho visto e aprendido muita coisa, tenho arranjado muitos amigos, enfim, tenho enriquecido muito, através da prática da leitura e da escrita...´
Sei que isto não é novidade para ninguém, mas não me importo, pois não tenho a veleidade de descobrir nada, visto que, já Salomão dizia:"O QUE FOI É O QUE HÁ-DE SER, E O QUE SE FEZ , SE TORNARÁ A FAZER, NADA HÁ, POIS, DE NOVO DEBAIXO DO SOL" (Eclesiastes 1/9).
Não existindo, portanto, nada de novo debaixo do Sol, resta-me a coragem de deixar vir à superfície , através do prazer de escrever, as minhas alegrias , angústias, aprendizagens, vivências, medos, ansiedades e expectativas, sentindo-me um ser humano normal mas translúcido.
Sei que as mesmas palavras e textos não têm idêntica conotação para todos os leitores, pois isso tem a ver com variados factores como sejam o estado de espírito, as vivências, idade, cultura, etc., o importante é que a minha mão, depois de escrever, repousa sossegada, como alguém que acaba de cumprir um dever e o meu coração sorri, contente por ter contactado contigo, meu amigo/a!

segunda-feira, 18 de maio de 2015

No dia do teu aniversário

Cara amiga, 
Se estivesses entre nós, hoje seria teu aniversário, mas Deus não permitiu que continuasses junto dos que te amavam e nós também não temos o direito de querer que continuasses a sofrer . De qualquer modo, quero dar-te os parabéns pela mulher, pela esposa e pela amiga que soubeste ser e pela maneira digna e exemplar como viveste os teus últimos dias! 
Eu, que adoro escrever, estou a escrever estas palavras com muita dificuldade e com muita saudade, pedindo a Deus que te tenha junto de si .
Há quem diga que a saudade é a presença na ausência, definição que assenta perfeitamente nos sentimentos que me ligam à tua recordação pois embora ausente estarás sempre presente no meu coração e na minha memória.

 À TUA AMIZADE:

Amizade é desprendimento
Sério, duradoiro,verdadeiro, 
Amizade é virtude, é arte é sentimento
Desmedido, bondoso, desinteresseiro ...

Ter uma amizade como esta
Uma afeição de tal grandeza;
É ter o coração em festa,
É ser feliz, de certeza!

Eu vivi tal amizade
Senti o calor destes valor
Que me trouxe felicidade...

Uma felicidade sem servidão,
Repleta de sons, cheiros e cor
Silêncios, desculpas, verdade e perdão!!!  

Clara Faria da Rosa

Almoço da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo

Aqui estamos nós no almoço dos irmãos  da Santa Casa da Misericórdia de angra do Heroísmo. gosto imenso deste acontecimento pelo que representa em termos de tradição e de espiritualidade mas também pelo convívio pois neste dia encontramos muitos conhecidos e amigos que já há muito não víamos. 
Foi muito agradável, a comida estava boa, tudo muito bem organizado e decorado não faltando os  confeitos para adoçarem o vinho de cheiro conforme é tradicional.
Um dos momentos altos foi o cortejo com o provedor e mesários  a levarem as coroas seguidos pelas mordomas que tiveram a seu cargo a organização de uma semana de festas que culminou com este lauto e tradicional almoço.
O provedor, após a missa, na igreja do colégio, ao dirigir umas palavras aos presentes e agradecendo a todos os que prestaram a sua colaboração para que tudo tivesse o brilhantismo verificado, não esqueceu os irmãos que ficaram retidos na casa por doença prolongada ou por dificuldade de mobilidade o que me fez pensar que muitos dos presentes incluindo eu, logo logo estaremos lá... Entretanto, vamos vivendo e sorrindo pois o sorriso é como que um brilho que ilumina as nossas vidas e as dos outros.









sexta-feira, 15 de maio de 2015

Bullying



É um caso identificado como patológico que se caracteriza por manifestações de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, sem motivação aparente nem evidente, adoptadas por um ou mais estudantes contra outros.
Normalmente assenta na violência, intimidação, aplicação de apelidos ofensivos e ou humilhantes, na rejeição, exclusão ou ignorando o indivíduo visado, em amedrontar, roubar e estragar os pertences do mesmo.
Neste caso patológico são actores três tipos de indivíduos: O espectador, o agressor e a vítima. O 1º não fala com medo de se tornar alvo de agressões ou por ter sido ignorado por parte dos adultos a quem tentara manifestar-se e ou pedido ajuda, o 2º naturalmente aprendeu a ser agressivo e ou a desenrascar-se através da violência, com os adultos, o 3º, a vítima,entra numa situação demasiado problemática e frágil e por ser assediado demonstra medo e ou receio de ir para a escola e poucas vezes procura ajuda, sentindo-se indefeso e envergonhado por não conseguir resolver sozinho os seus problemas.
No fundo, todos apresentam dificuldades de relacionamento, insegurança e de descrença  e desatenção por parte dos adultos responsáveis. 
Vem tudo isto a propósito dos recentes casos noticiados  e que tiveram o condão de me pôr a pensar nestas coisas, nos meus deliciosos tempos de escola em que ia toda feliz e contente, para brincar com as minhas amigas, com quem ainda convivo e de quem me lembro sempre com um calorzinho especial no fundo do meu coração e no facto de estarmos todos nós a pagarmos alegremente os nossos impostos que no fundo custeiam o ensino, para alguns alunos se maltratarem e se sentirem infelizes num local que deveria ser o local por excelência que os marcaria positivamente para o futuro!
Isto é um caso muito sério, que tem que ser tratado pelos adultos, pais, professores, entidades governamentais competentes e comunidade em geral com seriedade e prontidão para que não se alastre como um polvo que com os seus tentáculos abafe a felicidade, o aproveitamento escolar e o futuro de muitos dos nossos jovens.

A gola antiga...

De uma velha mala guardada no canto do sótão surgiram velharias com cheiro a vivências e recordações do passado.Cada peça lembrava um momento, uma festa, um carinho, uma saudade!
No meio daquela panóplia dos tempos idos surge um velho vestido embelezado com uma gola preta bordada a palha que a minha mãe variava isto é usava em várias peças pois naquela altura as abundâncias não eram muitas!
Lembro-me de a minha mãe dizer que aquela beleza era feita no Faial e também me lembro de ela ter também um véu com a mesma origem com que cobria a cabeça para ir à igreja pois naquela altura as mulheres não entravam na igreja de cabeça descoberta, era considerado uma falta de respeito!


Senti uma vontade de aproveitar aquela relíquia e resolvi restaurá-la e adaptá-la a um fato qualquer, Foi como se tivesse um pouco da minha mãe de volta!
Eis o resultado...
Como ao restaurar o dito trabalho fiquei curiosa para saber mais sobre aquele tipo de artesanato, fui investigar e encontrei um trabalho de uma faialense, Maria Eduarda Fagundes, radicada no Brasil que vivênciou na sua infância a execução deste belo trabalho artesanal que para mim é uma arte a qual o descreve do seguinte modo:

"O tule, fina trama de fios de seda, algodão ou nylon, vinha enrolado em largas réguas de papelão da casa Santos & Lacerda na Horta, onde papai trabalhava.
Depois de cortado, era colocado e preso por alfinetes,a um molde de papel manteiga onde o desenho se mostrava para ser executado.
Os fios que preenchiam a trama, eram em geral, de seda ou de palha de trigo tratada em fumeiro de enxofre, para adquirir o brilho dourado. Após essa etapa, abria-se cada canutilho de palha em cinco fitas muito finas, passando-o num fuso pequeno e delicado de osso de cachalote ou de madeira. O miolo delas era retirado por um canivete, bem afiado, passando-as entre a lâmina e o dedo gordo, previamente protegido por uma dedeira de couro grosso, obtendo-se assim delgadas fitinhas douradas de uns 20cm., que cortadas em bísel numa das extremidades se transformavam ao mesmo tempo em linhas e agulhas do bordado!
Sentadas em redor, mamã e as senhoras que trabalhavam com ela executavam o minucioso bordado. Mãos hábeis e ágeis , com movimentos intrincados mas precisos, faziam surgir sobre o tule figuras delicadas que enchiam os olhos de admiração e beleza. Mantilhas, blusas, véus, depois de prontos, eram cuidadosamente arranjados artisticamente e embalados em papel de seda e enviados pelo correio, em caixas, do Faial para as outras ilhas do arquipélago açoriano
 (S. Miguel,Terceira,Graciosa, Pico ), Madeira, e até para Lisboa, Canadá e Estados Unidos".

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O valor da persistência:

Um dia destes  fiz pizza.

 Dir-me-ão os leitores, desta pobre croniqueta, o que é que uma pizza tem a ver com o título que acima insiro?!
Já vos conto:
Querendo usar azeitonas, na dita pizza, tentei abrir o frasco, forcei, forcei, mas sem resultado até que desisti e fui pedir ao meu marido que me ajudasse.
Sem qualquer esforço a tampa rodou e  ele comentou:
- A força já estava toda feita!
Este comentário pôs- me a pensar que na verdade, eu havia desistido com demasiada facilidade e, não sei como , o meu espírito levou-me até uma fábula antiga que conta a história de dois sapos que caindo num balde de leite, tiveram reacções diferentes:
O primeiro, depois de tentar sair, concluíu que o ambiente era demasiado grosso para nadar,  demasiado fino para saltar, escorregadio para rastejar e já que tinha que morrer um dia..., afundou e morreu!
Quanto ao segundo sapo, pensou que havia de encontrar uma maneira de sair dali e continuou nadando, nadando, nadando, até que ao amanhecer estava encarrapitado num monte de manteiga que ele havia batido! E toca de saltar dali para fora.
Naturalmente, já conheciam esta história que é contada com muitos pormenores e variantes.  Contudo, nunca é demais lembrar que, como dizia o meu falecido pai " Quem porfia sempre acha!" e eu que  na altura pensava que aquela era uma conversa sem sentido...
Pois é, temos que ser fortes, persistentes e porfiar...palavra que eu pensava ser um arcaísmo ou uma invenção de meu pai, mas que segundo o " Dicionário da Língua Portuguesa" significa: -disputar com obstinação, altercar, teimar, insistir, ser rival...
Aí está, o que em gíria diríamos que é pegar o toiro pelos cornos, isto é, a vida e os problemas e aguentar até que tudo  se resolva.

Ps:
Não te posso mostrar os sapos da história porque estão espalhados por esse mundo fora, mas mostro-te a minha pizza à espera de ir para o forno e depois prontinha a saborear, que tal?
E agora, com muita persistência, vou continuar a semana prevendo encontrar alguns "baldes de leite" pela frente...


sexta-feira, 8 de maio de 2015

A loucura das mulheres:

Fétiche por sapatos:

Há para aí muita mulher
Que tem vício por sapatos,
Quadrados, bicudos, redondos...
Não interessa são sapatos!
Há para aí muita mulher
Que dá a vida por sapatos,
Altos, baixos, fechados, abertos...
Não interessa são sapatos!
Há para aí muita mulher
Que gasta tudo em sapatos
De cores, às riscas, bordados
Não interessa são sapatos!
Há para aí muita mulher
Que delira com sapatos, 
De couro, plástico ou tecidos...
Não interessa são sapatos!
Há para aí muita mulher
Que ao escolher novos sapatos
E encontra os idealizados,
Que delícia de sapatos!
Esforça-se com loucura,
O pé com força empurra,
Os dedos encolhe e comprime,
As lágrimas aguenta e reprime,
Encalorada, cora  nem pimentão,
Apertam um pouco, e então?
Não importa, não interessa,
São estes, os sapatos certos,
Se o pé doer, podem fazer de chinelos,
Ficará feliz, com os pés tortos,
Mas com sapatos modernos,
Coloridos e de  finos saltos
E todos dirão:
--São lindos os teus sapatos, 
Embora para o pé pequenos!

Clara Faria da Rosa
8/Maio/2015

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Favas escoadas


Porque estamos em tempo de favas e na época  das touradas onde elas tradicionalmente são apresentadas, aqui vai, sem ter a veleidade de ensinar nada a ninguém, mas com vontade de destacar o que é nosso, baseada na premissa de que a cozinha tradicional não é nem deve ser rival do que modernamente se faz, mas pelo contrário, deve ser a base, a fonte onde devemos ir beber os saberes, os processos que actualmente se utilizam na cozinha, uma receita de favas. 
Não são as tradicionais favas de " molho - de - unha" mas são umas favas que a minha mãe fazia muitas vezes para acompanhar peixe frito, especialmente chicharro frito, que era o que nós comíamos mais, por ser mais barato, à altura, e que eu hoje fiz:
Cozem-se as favas em água e sal, com um raminho de salsa, se tiver.
À parte cortam-se em meias luas finas duas ou três cebolas e picam-se alguns dentes de alho e leva-se ao lume com azeite e um pouco de óleo até ficarem cozidas e  transparentes, junta-se uma boa colher de vinagre, para não queimarem e continua no lume, junta-se então um cubo de  caldo Maggi de carne ou galinha, isto já é uma invenção minha,( a criatividade consiste em dar uma volta àquilo que já existe), salsa picada, uma colherzinha de cominhos e massa de melagueta. Vê-se se precisa de mais um pouco de sal .
Escorre-se a água que cozeu as favas, tendo o cuidado de deixar ficar um pouco de líquido, junta-se então a cebolada e envolve-se e polvilha-se com mais um pouco de salsa.Tapa-se e deixa-se esfriar um pouco.
Bem, isto é uma receita que deves considerar simples e insignificante mas, quanto a mim, é importante porque é nosso, feito com os nossos produtos e porque  considero que o progresso se baseia  nos pequenos pormenores , em pequenas coisas, como num prato de favas escoadas à moda da Terceira!

domingo, 3 de maio de 2015

A luz do sol

Medalha comemorativa do dia da mãe 




MÃE!

 Às flores da natureza
tu juntas flores de amor
alegras meu coração
esqueces dor e tristeza,
à vida dás mais calor.

Aproveito para citar Louisa M. Alcott ( 1832 - 1888)

"Olhavam sempre para trás antes de virar a esquina, porque a sua mãe ficava sempre à janela para lhes acenar e sorrir. De alguma forma, parecia que não poderiam suportar o dia sem aquele gesto, porque, fosse qual fosse a sua disposição, o último olhar daquela face materna era sem dúvida, como a luz do sol."

Louisa Alcott foi uma escritora americana que se dedicou à literatura juvenil, inspirando-se na própria experiência para escrever suas histórias.
O seu principal livro foi "Mulherzinhas" que  apresenta o retrato de uma família de classe média americana, do seu tempo, os valores morais, civismo, amor à pátria e dedicação ao lar e à família.
Foi deste livro que tirei o pequeno texto supra-citado  com a consciência de que estamos todos a precisar de ler ou reler esta escritora que era uma das minhas preferidas na minha juventude .
Aproveito para perguntar:
 -E as nossas jovens da actualidade o que gostam de ler? Naturalmente muitas acharão estes temas apresentados por L. Alcott , digamos que "foleirices"...

No dia da mãe:


A mulher da fotografia:
A mulher de fotografia é minha mãe!
Fez 23 anos que faleceu no passado dia 30, esta foi a última foto que tirou, tinha 73 anos.
Lembrei-me dela nesta efeméride, lembro-me dela hoje que se festeja o dia das mães e lembro-me dela todos os dias porque vive no meu coração, nas minhas lembranças e nos seus exemplos.
Era uma mulher, enérgica, trabalhadora , interessante e inteligente. Muitas mulheres de hoje não quereriam viver a vida com os moldes que ela viveu, dedicando-se à família e ultrapassando os obstáculos que na altura eram muitos, com coragem e determinação. Ao recordar esses tempos e a sua vida sinto que fez o que devia ter feito e é por isso que a admiro e que a tenho sempre presente na minha vida, como um exemplo e ouço muitas vezes a sua voz a guiar-me, desviando-me de más decisões que porventura possa tomar.
Naquela altura raras eram as mulheres que saíam de casa para trabalhar mas ela tinha uma profissão, era uma boa costureira, trabalhava em casa, trabalhava muito, nunca se esquecendo que o seu trabalho principal era ser esposa e mãe, tenho a certeza que se fosse hoje, poderia ter ido longe e teria tido várias opções, atendendo à sua capacidade e determinação.
Recordo com saudade que quando chegava a casa ela estava sempre presente, com o seu avental, pondo a mesa para almoçarmos e ouvindo os meus problemas. É engraçado lembrar-me de tudo isto e fico pensando como muitas mães e esposas modernas consideram estas tarefas rotineiras e desprestigiantes, mas a verdade é que se eu me lembro de tudo isto, passadas tantas décadas é porque tem alguma utilidade.
Ela pensava que a sua obrigação era fazer com que a família permanecesse junta enfrentando todo o tipo de tempestades, mas algumas mães de agora pensam de modo diferente o que quanto a mim está na origem dos divórcios e do sofrimento por que muitas crianças e jovens adolescentes passam.
Mesmo depois de ter abandonado o lar para formar nova família o meu coração permaneceu naquele cantinho onde cresci, muito amada e muito bem acompanhada, voltando lá com muita frequência e a mãe era a grande responsável por isso....
Sei que a minha mãe se privou de muitas coisas para que a mim nada faltasse e sei também que o que há de bom em mim é o resultado de a ter presente e disponível quando precisei.
É por isso que escrevo estas palavras, contando o que realmente sinto a respeito desta mulher, neste dia dedicado às mães, porque foi importante para mim ter aquela mulher sempre à minha espera, como ainda hoje é importante e me deixa feliz saber que a mulher da fotografia é a minha mãe que onde quer que esteja, tenho a certeza, vela por mim.

sábado, 2 de maio de 2015

Em louvor do Divino:


É dia de função, em louvor do Divino e...

Nos panelões a carne a ferver, 
O pão de tranca já partido,
Para grandes terrinas encher,
Que a verde hortelã tempera... 
Isto, em louvor do Divino!
Os legumes estão lavados, 
Partidos e preparados, 
Para o cozido acompanhar,
Que a todos vai regalar...
Isto, em louvor do Divino!
Muitos limões foram raspados,
Para  o arroz-doce aromatizar,
Todos ficarão consolados, 
E com vontade de voltar...
Isto, em louvor do divino!
E as mesas já estão postas,
E as pessoas vão chegando,
Alegres, crentes, ordeiras,
Vão convivendo, saboreando...
Isto, em louvor do Divino!
Que seja, que o Espírito Santo 
Ilumine toda a gente,
Nesta sala, lá em casa,
Que todos fiquem contentes,                                                                         
E que a todos abençoe:                                                          
Os fracos, os doentes,
Os desprotegidos e os pobres,
Que haja sempre fartura,
Em todas as mesas de função,
E não abunde amargura,
Nestas nossas lindas  ilhas,
Que sabem o Espírito Santo louvar,
Fazendo do repartir oração,
E de cada mesa um altar,
Em  cada ilha, em cada função!
Isto, em louvor do Divino,
Que seja, para sempre, ámen!

 Clara Faria da Rosa
                                                                                                 




 





 


 




sexta-feira, 1 de maio de 2015

Maio na Terceira:


Aí vem Maio
Coberto de flores,
Aí vem Maio
E muitos amores.
Maio na Terceira,
Mês das boninas amarelas
Dos jardins muito enfeitados,
Das meninas nas janelas
Dos jovens enamorados.
Maio na Terceira,
O sol brinda-nos
Com o seu calor
E os pássaros com seu clamor.
O vento murmura suave mensagem,
Percebe-se uma mudança,
E o povo desta terra,
Com a festa na lembrança
Desabrocha ...
Liberta-se ...
Diverte-se...
E O foguete num estoiro
Pum, Pum, Pum !
Sobe estrelado,
E da gaiola sai o toiro,
De um salto o jovem
Sobe a alta tapada
E junta-se à namorada.
E o rapaz dos cestos
Grita o seu pregão
- Olha a pipoca,
favas e milho torrado!
E a bela bifana, na tasca
E das varandas
Ecoam gargalhadas
Sobre o colorido arraial...