sexta-feira, 23 de junho de 2017

Baile de roda:

As Sanjoaninas da Terceira
Ai, são um baile de roda,
Em que todos em fileira
Ai, dançam  a mesma moda.
Nas Sanjoaninas da Terceira
Ai, tudo  de mão dada dança, 
E Angra é um palco de primeira
Ai, onde impera a esperança.
As sanjoaninas da Terceira
Ai, são música, canto e alegria, 
E é assim desta maneira
Ai, que se vive a fantasia.
Ai, eu quero ouvir as vozes da Terceira,
Ai, eu quero ouvir os sons da Terceira,
Ai, eu quero viver na Terceira,
Ai, eu quero morrer na Terceira,
Ai, eu Tenho Esperança 
De que a fantasia,
Ai, não acabará na Terceira!
De que a fantasia, 
Ai, viverá nas Sanjoaninas!

Clara Faria da Rosa





















Sanjoaninas 2009/ 2017 - Cortejo de abertura





































Ao assistir, ao  lindíssimo desfile de abertura das Sanjoaninas 2017,  embora pela televisão, o que me permitiu ter uma ideia mais precisa do que o evento queria transmitir, graças aos oportunos e esclarecedores comentários que se iam desenrolando, o meu pensamento assim como o meu coração  recuaram  a oito anos atrás em que eu escrevia o seguinte:
"E lá ia, o nosso filho, o nosso principezinho, como eu o chamava em criança, já um homem, mas para os pais sempre um menino, precedido de um bailado simbolizando o dia e a noite, no meio de muita luz e de muita cor, muita música e também de muitos olhares...
Como foi possível, nós que sempre o protegemos tanto, e eu como mãe galinha que por vezes me apetecia estender as minhas asas para o defender de todos os males, embora ele reagisse, e ainda bem, a essa tendência protectora que todos os pais e sobretudo as mães sentem e compreendem certamente, como foi possível , pensava eu, que ele se dispusesse, sem necessidade, a não ser o dever que todos nós temos de exercer o nosso papel de cidadania na comunidade em que estamos inseridos, a expor-se assim, a tanta pressão, a tantos olhares, a tantas criticas!
Bem, mas estes foram pensamentos filosóficos de ocasião, de uma mãe preocupada com as opiniões dos outros, o que interessava, na verdade, é que o meu filho se divertisse, se sentisse bem e enriquecesse, dentro das suas possibilidades, o nosso cortejo, as nossas Sanjoaninas, a nossa cidade de Angra, a nossa ilhaE foi isso que aconteceu!", tal como sucedeu este ano, todos contribuíram para o engrandecimento da nossa cidade pondo em prática um tema riquíssimo que fará certamente com que todos os que presenciaram este cortejo se sintam mais orgulhosos  do nosso rico passado histórico. A todos , criativos, executantes  e participantes um grande bem hajam e parabéns à nossa cidade por tal gente possuir...  

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Véspera de Santo António

Amanhã é dia de Santo António, e hoje celebraram-se , com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa Os casamentos de Santo António.
Nascido a 15 de Agosto de 1195 , diz-se protector dos pobres, auxiliar das coisas e pessoas perdidas e amigo nas causas do coração , sendo por isso que se celebram os casamentos em sua honra.
Nascido numa família abastada, foi baptizado com o nome de Francisco, mudando de nome ao entrar para a ordem Franciscana.
Foi para Marrocos onde adoeceu gravemente tendo sido, por isso, obrigado a regressar a casa, no entanto, uma grande tempestade obrigou-o a aportar em Sicília, na Itália, onde entrou na ordem de Assis tendo conhecido S. Francisco de Assis, seu mestre e inspirador.
Começou a pregar tornando-se num grande e inspirado orador, de tal modo que as suas pregações chegavam a alterar a rotina das cidades onde pregava.
Pregando chegou a Pádua, morrendo no convento de Santa Maria de Arcella às portas dessa cidade, com 36 anos de idade, no dia 13 de Junho, tendo sido mais tarde, transladado para a Basílica de Pádua.
Dedicou-se ao serviço de Deus e dos pobres, pelo que uma das tradições mais antigas, em sua homenagem,consiste na distribuição de pães aos necessitados, em sua homenagem como se  faz, junto à ermida com o seu nome no sopé do Monte Brasil em Angra do Heroísmo, Terceira, Açores.

domingo, 11 de junho de 2017


Confeitos terceirenses em dia de bodo:

Nos domingos de Pentecostes e da Trindade, ditos dias de bodo,na despensa e no império situados junto à igreja, as raparigas casadoiras acotovelavam-se  nas janelas a ver os namorados que sorrateiramente lhes ofereciam embrulhos de papel de seda, com deliciosos confeitos,  guloseimas feitas de sementes ou pevides cobertas de açúcar, preparado em charope e seco ao fogo, a palavra é um substantivo que vem do latim ( confectu ) e o adjectivo "confeitado" significa coberto de açúcar.
Fazendo uma pequena pesquisa concluí  que há por esse mundo fora muitas receitas desta guloseima, de todas as cores, feitios, formas e sabores...






Mas, que que Deus me perdoe, para mim não há confeitos melhores do que os da ilha Terceira, Açores, fabricados pela firma Basílio Simões e filhos em Angra do Heroísmo.
Macios, branquinhos como véu de noiva e aromatizados com sementes de funcho, deixam na boca um sabor a tradição, a Domingos de Bodo, quando era hábito os rapazes oferecerem às raparigas grandes pacotes desta guloseima e a mesas de função, salpicadas do branco dos confeitos que os convidados metiam nos copos para adoçar o tradicional vinho de cheiro dos Biscoitos.

Quem me dera ter recebido, neste domingo da Trindade, um pacote de confeitos que me dariam a sensação de ter voltado aos meus tempos de juventude em que os sonhos se embrulhavam em papel de seda e tinham o sabor dos nossos tradicionais confeitos.


sábado, 3 de junho de 2017

Pão do bodo...

No dia que antecedia o Domingo do Espírito Santo e o Domingo da Trindade a minha mãe levantava-se bem cedo, para fazer a amassadura e cozer o pão para o bodo. 
Quando os encarregados de distribuir o pão no bodo, os chamados mordomos, tinham passado a pedir, os meus pais haviam-se comprometido a colaborar com um determinado número de pães, havia quem desse dinheiro, mas os meus pais gostavam de continuar as tradições...
Depois do forno bem quente lá ia o pão muito bem tendido, com as suas cabeças airosas, para o forno, e a minha mãe deitava nas brasas uma mão de sal e dizia:
- Que Deus te acrescente! 
E lá ia crescendo, enquanto a minha mãe vigiava não fosse ficar muito escuro, pois era coisa de responsabilidade!
Enquanto isso preparava-se o açafate, um lindo cesto redondo de vimes finos sem tampa e sem asa, mais bonito do que o  da foto, por acaso ainda o tenho embora com xilófagos, a tal palavra científica para o popular caruncho, que há dias tratei, na antiga casa dos meus pais, com um produto apropriado, e uma linda toalha branca, com uma artística barra de renda, do enchoval da minha mãe e lá se punham os pães na vertical, muito encostadinhos uns aos outros, com a cabecinha de fora e a minha mãe, num gesto de requinte, ia à roseira do quintal e apanhava as melhores rosas, que ela chamava rosas do bodo, por florirem naquela altura, para decorar todo aquele mimo, toda aquela doação, todo aquele gesto de cidadania, palavra que eles desconheciam embora soubessem e levassem bem a sério o facto de que deviam contribuir para que a tradição não se perdesse e para que todas as pessoas que passassem no bodo  da  à altura freguesia hoje vila das Lajes tivesse o seu pão.
E lá ia o meu pai, com o açafate às costa, para a despensa, entregar o pão que, em conjunto com o das outras famílias e com o que o mordomo tinha cozido, seria distribuído, no bodo a todas as pessoas que por lá passassem.

   
 A cor da Amizade:





Mãos amigas ofereceram-me estas flores. 
Singelas? Talvez, mas com um sabor muito especial e com um cunho de amizade e sensibilidade que me fizeram sentir que:

A amizade é uma festa,
É alegria e fruto sumarento,

É linda flor que nos empresta
A cor a cada momento.
A amizade é o que nos resta
Ao filtrar o sofrimento
É ópio, bálsamo, giesta
Que perfuma o sentimento.

Clara Faria da Rosa

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Gostava de continuar criança...
Neste dia Mundial da criança dou por mim a pensar, em como foram bons os meus tempos de criança. E os teus, ainda te lembras?
O tempo em que eu era fresquinha como água da torneira, naquele tempo era água do poço, mas não interessava, nada me preocupava, não tinha responsabilidades familiares nem financeiras e tudo se desenrolava, na minha ainda curta vida, de uma forma espontânea, simples e maravilhosa.
Naquele tempo, eu não me apercebia da riqueza que tinha no amor e carinho dos meus pais. Agora compreendo porque ria com gosto, por tudo e por nada, simplesmente porque estava alegre e feliz.
Quando eu era criança, sonhava com mundos coloridos e diferentes, fantasiava e imaginava o meu futuro, é por isso, calculo, que ainda sou uma pessoa criativa e fantasiosa.
Em criança eu era espontânea, impulsiva, aventureira e curiosa sem me preocupar com as reacções dos outros e nunca ofendi ninguém com isso!
Em criança eu não planificava a minha vida, nem tinha objectivos pré determinados, queria simplesmente brincar e ser criança, aceitando naturalmente, o que surgia na minha vida, confiando que o mundo me iria tratar bem e que os meus pais velariam por mim e me livrariam de todos os perigos.
Claro que não desgosto de ser adulta e da segurança que isso me oferece, porque penso que na vida todas as etapas devem ser vividas com entusiasmo e seriedade mas sempre com um pouquinho de loucura e fantasia para que nos sintamos bem com a vida e connosco.
É uma infância semelhante à que vivi que desejo, neste dia a todas as crianças do Mundo, com muito amor, confiança, espontaneidade, aventura, respeito, sonho e brincadeira.
E nós adultos, continuemos a sonhar como em criança e a tentar que todas as crianças vivam felizes e sejam tratadas com a dignidade e segurança que um ser humano merece e que todas tenham a possibilidade de absorver educação e exemplos que as façam crescer e realizar-se em plenitude para bem do seu futuro e do Mundo...
Um beijinho para todas as crianças!!!
Foto de Clara Rosa.